A menina tinha uma boneca
e seu nome lhe fazia rir.
A boneca tinha uma menina
e lhe ensinou a fingir.
Fingia colo,
fingia medo.
Fingia amor,
Fingia segredos.
A menina criava mundo
para sua amiga de pano,
que em silêncio profundo,
alimentava o coração humano.
A boneca tinha uma canção,
que a menina lhe escreveu.
Um universo, um refrão,
que um dia pereceu.
Virou moça, virou ano.
A boneca foi pra estante.
Com ela, foram-se os panos
daquele universo infante.
A menina foi pra vida,
que não lhe fazia sorrir.
Criou mundo, e outras canções,
que alguns não souberam ouvir.
Virou mulher, virou ano.
O sonho já não morava ali.
Em seu coração criou pano
e reaprendeu a fingir.
Texto : Kadydja Albuquerque Foto Katia Gonçalves
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